segunda-feira, 27 de junho de 2011

CENA 5


O que está acontecendo comigo? O que é essa dor que teima em não passar? Esse frio na barriga? Esse nó na garganta? Por que minhas mãos agora estão sempre frias? Por que meu coração acelera quando penso nela? Por que a vejo em todo lugar e a todo o momento? Com essas indagações em mente, só conseguia enxergar um caminho.

Tendo finalmente decidido conversar com ela e dizer tudo que realmente sinto, fui ao seu encontro. Aquela situação já estava deixando-me louco, há algum tempo que não tinha sequer um segundo de paz, somava-se a isso o fato de não conseguir mais concentrar-me em coisa alguma. Independente do que viesse a acontecer no futuro, decidi que não cometeria novamente o mesmo erro.

- “Antes gritar ao mundo o que está acontecendo e perder pela tentativa, do que esconder-se e viver para sempre com a vergonha de não ter ao menos tentado”.

Não pensei mais de uma vez, com a decisão já tomada, não era necessário. Focado em meu destino, em momento algum o caminho sequer despertou minha atenção. Andando sem desviar-me do que havia traçado, minha mente povoava-se de pensamentos nos quais apenas nós dois nos encontrávamos. Lembrando-me dos poucos momentos vividos ao seu lado, meu coração acelerava cada vez mais.

Estando a poucos metros do portão que me separava dela, parei. A insegurança e a incerteza tomavam conta de mim. Será que isso realmente deveria ser feito? O que o destino havia reservado a mim naquela noite, era o que mais queria saber. Minha cabeça que por pouco não tinha entrado em estado de ebulição devido a grande quantidade de pensamentos, agora ecoava um único. Resolvendo novamente que iria prosseguir, caminhei até estar próximo do portão.

- “Meu coração irá saltar pela boca”. – Pensei – “O que ela terá a dizer sobre essa situação, sore minha confissão?” – Minha incerteza era algo notável.

Erguendo meu braço direito, levei os dedos ao encontro da palma da mão. Com o punho fechado decidi que bateria naquele frio metal, chamando assim sua atenção. Com a mão frente ao queixo, por alguns momentos meus olhos pareciam deixar de focar meu destino. Senti que estava sendo levado dali por algo que não sei explicar o que era. Em um lugar escuro milhões de coisas aconteciam ao mesmo tempo: flashes, imagens, frases, palavras soltas… Enfim, lembranças que julguei ser dos últimos acontecimentos. Vi tudo passar de uma maneira absolutamente incrível.

A poucos metros de onde estava um barulho de ônibus trazia-me de volta a realidade, meio deslocado pensei ter acordado de um sonho. Minha mão que esperava um simples comando continuava no ar. Tomando parte do que acabara de acontecer, pensei ter corrido uns poucos segundos, ao olhar no relógio, para minha surpresa ele dizia que exatos trinta minutos haviam se passado. Abaixei a cabeça ficando no mais absoluto silêncio, senti que até mesmo minha respiração abrandava.

Com a cabeça ainda abaixada uma lágrima desprendeu-se de um dos olhos, percorrendo meu rosto foi de encontro ao cimento frio. Ao passo que minha mão desceu, meu corpo voltou-se a um dos sentidos originais da calçada, não voltei a olhar novamente o portão que nos separava. Em movimentos que ainda considero involuntários, coloquei-me a caminhar.

- “Foi necessário vir até aqui para entender, não era algo que um dia eu pudesse possuir. Havia apenas tentando me enganar, mais uma vez”.

Mesmo não podendo ver, sei que por detrás da cortina da janela, ela estava o tempo todo me olhando. A cada segundo que passava, eu me encontrava cada vez mais distante daquilo que tanto almejava. Seguindo em frente, deixava para trás mais um sonho, juntamente com alguém que agora também chorava.

Lord Marshall

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